sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Modéstia no Vestir - João Calvino e Matthew Henry

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Diz João Calvino, ao comentar o versículo "E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu" em Gênesis:
Moisés aqui declara que o Senhor tomou para si o trabalho de fazer vestimentas de peles para Adão e sua esposa. Não é realmente próprio entender estas palavras como se Deus houvesse sido um costureiro ou um servo para coser roupas. Agora, não é crível que as peles tenham sido apresentadas a eles por acaso; mas, uma vez que os animais foram anteriormente destinados para seu devido uso, sendo agora impelidos por uma nova necessidade, eles mataram alguns, de modo que pudessem se cobrir com suas peles, tendo sido divinamente direcionados a adotar este conselho; daí Moisés diz ser Deus o Autor do ato. A razão por que o Senhor os vestiu com roupas de pele parece, para mim, ser a seguinte: porque vestimentas feitas deste material teriam uma aparência mais degradante do que aquelas feitas de linho ou de lã. Deus portanto designou que nossos primeiros pais deveriam, em tal roupagem, ver a sua própria vileza, — da mesma forma como eles viram antes em sua nudez, — e deveriam assim ser relembrados de seus pecados. Ao mesmo tempo, não deve ser negado, que Ele proporia para nós um exemplo, pelo qual Ele nos acostumaria a uma forma frugal e econômica de vestir. E eu gostaria que aquelas pessoas frágeis refletissem nisto, aquelas que não consideram suficientemente atrativo qualquer ornamento, exceto se ele exceder em magnificência. Não que todo tipo de ornamento deve ser expressamente condenado; mas porque quando esplendor e elegância imoderados são insistentemente buscados, não apenas é depreciado aquele Mestre, que intencionou o vestir como um sinal da vergonha, mas uma guerra é, em certo sentido, levada contra a natureza."

Matthew Henry, o Puritano autor de comentários sobre todos os livros da Escritura Sagrada, diz a respeito de João Batista:

"Suas roupas eram simples. Este mesmo João tinha suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; ele não usava roupas longas, como os escribas, ou roupas finas, como os cortesões, mas vestia-se como um lavrador da região… João usava tais vestimentas,

(1.) Para mostrar que, como Jacó, ele era um homem simples, e mortificado para este mundo, e para os prazeres e alegrias deste. Eis aqui um verdadeiro israelita! Aqueles que são humildes de coração deveriam mostrar isto por uma santa indiferença e negligência em adornar-se; por não fazer do uso de ornamentos o seu adorno, nem avaliar aos outros pela forma como se vestem e se enfeitam.

(2.) Mostrar que ele era um profeta, pois os profetas usavam vestimentas brutas, como homens mortificados [Zacarias 13:4]; e, especialmente, para mostrar que ele era o Elias prometido; pois nota-se particularmente sobre Elias, que ele era um homem peludo (o que, alguns pensam, relaciona-se com as vestimentas de pêlo que vestia), e que possuía os lombos cingidos de um cinto de couro, [2 Reis 1:8]. João Batista não aparenta ser inferior a ele em mortificação; este, portanto era aquele Elias que havia de vir. (3.) Para mostrar que ele era um homem resoluto; seu cinturão não era fino, como aqueles mais comumente em uso, mas era forte, um cinto de couro; e abençoado é aquele servo, a quem o Senhor, quando Ele vier, encontrar com os lombos cingidos, [Lucas 12:35; 1 Pedro 1:13]"

Sobre o mesmo assunto, há ainda comentários em I Timóteo 2:8-10, especialmente no versículo 9, que diz: "Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos ". Nesta passagem João Calvino entende que “expressamente estão censurados certos tipo de superfluidades, como os elaborados penteados de cabelo, o uso de jóias, e de anéis de ouro...”

Matthew Henry, sobre o mesmo texto diz:

"As mulheres devem ser muito modestas em suas vestimentas, não usando roupas chamativas, festivas ou por demais alegres, ou muito caras (você pode conhecer a vaidade da mente de uma pessoa pelo quanto festivos e chamativos são seus hábitos), porque elas tem melhores ornamentos com os quais devem se adornar; com boas obras. Note, boas obras são o melhor ornamento; estas são, à vista de Deus, de grande valor. Aqueles que professam a piedade deveriam, no seu vestir, assim como em outras coisas, agir como é coerente com o que professam; em lugar de gastarem seu dinheiro em roupas finas, devem gastá-lo em obras de piedade e caridade, as quais são propriamente chamadas boas obras."


E João Calvino, diz ainda:

Como o apóstolo ordenou os homens a erguerem mãos puras para oração, então agora ele prescreve a maneira pela qual as mulheres devem se preparar para orar como é devido. Aparece, neste texto, um implicado contraste entre estas virtudes que ele recomenda e a santificação externa dos Judeus; pois ele sugere que não há lugar profano, ou qualquer lugar de onde tanto homens quanto mulheres não possam se aproximar de Deus, desde que não estejam excluídos por seus próprios vícios.

Ele pretendeu aproveitar a oportunidade para corrigir um vício para o qual as mulheres quase sempre estão inclinadas, o qual provavelmente, em Éfeso, por ser uma cidade de vasta riqueza e muito comércio, abundava especialmente. Este vício é — uma excessiva ânsia e desejo de estar ricamente vestida. Ele deseja portanto que seu vestir seja regulado pela modesta e sobriedade; porque a luxúria e o gastar sem moderação provém de um desejo de fazer-se notar, seja por causa do orgulho ou por renunciar a castidade. Consequentemente temos o dever de estabelecer as regras a partir da moderação; pois, uma vez que o vestir-se é um assunto indiferente, (como todas as questões externas são) e difícil estabelecer um limite fixo, quanto a quão distantes devemos ir. Os Magistrados podem verdadeiramente fazer leis, pelas quais um desmedido impulso para gastos supérfluos possa ser, em alguma medida, restrito; mas mestres piedosos, para os quais o ofício é guiar as consciências, devem sempre ter em vista o fim do uso lícito. Isto, ao menos, se assentará além de toda controvérsia – que todas as coisas quanto ao vestir que não estão em acordo com a modéstia e a sobriedade devem ser desaprovadas.

No entanto, devemos sempre iniciar pelas disposições; porque onde a libertinagem reina internamente, não há castidade; e onde a ambição reina internamente, não haverá modéstia no vestir-se externamente. Mas, porque os hipócritas comumente aproveitam-se de todos os pretextos que podem encontrar para dissimular suas disposições, nós estamos sob a necessidade de apontar o que encontramos a vista. Seria uma grande baixeza negar que a modéstia é apropriada como a peculiar e o constante ornamento das mulheres virtuosas e castas, ou que é dever de todos guardar esta moderação. O que quer que for oposto a estas virtudes, será defendido em vão. Ele expressamente censura certas coisas supérfluas, como penteados elaborados, jóias e anéis de ouro; não que o uso de ouro ou de jóias seja expressamente proibido, mas que, onde quer que estas sejam proeminentemente exibidas, trarão com elas os outros males que eu mencionei, e terão sua origem na ambição ou na falta de castidade.

Porque sem dúvida, o vestir-se de uma mulher virtuosa e piedosa deve diferir daquele de uma meretriz. O que ele fixou foram as marcas desta distinção; e se a piedade deve ser testificada pelas obras, tal profissão deve também ser visível nas castas e deve ser vestida.”

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Apresentação do 'Prática da Piedade'

O testemunho da Escritura é de que a Piedade é proveitosa para todas as coisas, residindo nela a promessa da vida que é, e da vida que há de vir [cf. 1 Timóteo 4:7,8].

E o que é Piedade?
É a qualidade de uma determinada prática de vida relacionada a Santidade pessoal, contrária às paixões carnais e mundanismo [Tito 2:11-13; 2 Pedro 3:10-12]. A palavra no original Grego do Novo Testamento, traz consigo o significado de uma ordeira e boa resposta do coração em reverência ao Senhor Deus. Uma outra forma de definir Piedade é descrevê-la como uma atitude pessoal para com o Senhor Deus, na forma de uma vida cujo objetivo é honrá-lO e agradá-lO.

A Piedade é proveitosa para a vida agora, conduzindo-nos em Cristo para toda a paz para com Deus, que nEle se pode receber; regozijo no Senhor, em nosso espírito, com todo prazer e alegria em Deus, nosso bom Pai e Salvador; contentamento para com os atos da Providência do Senhor. A Piedade não nos conduzirá a prosperidade, boa reputação, amigos, saúde ou tranquilidade - nada disto é prometido para o Piedoso; mas, quão maior é a felicidade de sabermos que o Piedoso será ouvido pelo Senhor em suas orações, e terá alegria nEle desde agora e para sempre! Na Piedade há promessa e esperança, de Cristo, em quem se esconde a vida do Crente, de estar unido com Cristo agora e por toda eternidade.

Nas palavras de Thomas Watson, "Como a jóia está para o anel, assim a Piedade está para a alma, ornando-a aos olhos de Deus. A Razão nos faz humanos; a Piedade nos faz anjos sobre a Terra; pela Piedade nós 'tomamos parte da natureza Divina' [2 Pedro 1:4]. A Piedade é mui próxima da glória: é 'glória e virtude' [2 Pedro 1:3]. A Piedade é a Glória em forma de semente; e a Glória é a Piedade em flor."

Assim, cremos, está mais do que justificado nosso desejo e obra em dedicar este Blog a tudo o que for útil e exemplar para nos exortar e dirigir na Prática da Piedade. Oh, Senhor, ajuda-nos, sustenta-nos, guia-nos e frutifica este trabalho!

Teologia e Pregação Reformada Experimental

O que é Teologia e Pregação Reformada Experimental? Muitas vezes chamado de Calvinismo Experimental ou Calvinismo Experiencial, se refere a uma tal forma de religião, construída sobre a Escritura Somente, fundamentada em Cristo Jesus, na qual, buscando-se incessantemente a Glória de Deus em todas as coisas, se testa ou prova, se exercita no conhecimento prático de toda Doutrina Bíblica. Entendemos que há uma vital relação entre a Teologia Prática e a Piedade; como a Escritura diz, é desejável e há regozijo e benção no exercício do Conhecimento da Verdade que é segundo a Piedade [Tito 1:1].

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